Cultura

A cavalo, grupo de fiéis deixou Ribeirão neste sábado com destino a Aparecida

A cavalo, grupo de fiéis deixou Ribeirão neste sábado com destino a Aparecida

Por: Viola Show I Fonte: A Cidade - Ribeirão Preto - SP

14/04/2014

Oito homens e uma mulher percorrem 568 km de Ribeirão à Basílica de Nossa Senhora Aparecida

Rúbia e Marcos: preparados e cheios de fé

A fé e o convívio com a natureza é a combinação que move os romeiros em busca de seu objetivo. E para desfrutar dessa convivência harmônica, oito homens e uma mulher de Ribeirão Preto e Sertãozinho (empresários, pintor de parede, funcionário da USP, eletricista e mecânico) viajarão no lombo de mulas, éguas e cavalos durante 11 dias – todos com destino a Aparecida.

A saída foi ontem (sábado) cedo, após bênção na Igreja de Santa Luzia, na Vila Lobato, zona Oeste de Ribeirão. O padre Antônio Garcia Félix leu um trecho da Bíblia sobre as peregrinações de Jesus Cristo.
Depois de rezar uma Ave-Maria e um Pai-Nosso, os romeiros botaram o pé na estrada. Ao todo, irão cavalgar 568 quilômetros, passando por 25 localidades – entre elas, Ouro Fino (MG), do “Menino da Porteira”, e a Estação Eugênio Lefevre, em Campos do Jordão, a 1.161 metros de altitude, trecho feito a pé. O trajeto, em 85% de sua totalidade, será em estradas secundárias, de terra batida. O restante margeará rodovias.

A chegada está prevista para a manhã do dia 22, uma terça-feira. Após missa na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, às 12h, os cavalos serão embarcados e os peregrinos, numa perua, estarão de volta. Terá sido a 8ª Cavalgada da Fé do grupo Comitiva Sistema Bruto, criado pelo comerciante de carros Sidney Fernandes, 56 anos, nascido em Indaiatuba e há 31 anos em Ribeirão.Esquema profissional
Os cavaleiros e a amazona são amadores, mas o esquema da viagem é profissional – e custará R$ 2 mil de cada um. A começar pela contratação de um caminhão 3/4 com baú, que levará os talheres, mantimentos, freezer, ração, feno, ferraduras e remédios de primeiro socorros para os cavalos, além de colchões, lençóis, cobertas e até travesseiros para os pernoites.

O cozinheiro da expedição é Carlos Roberto Feltrim. Vai servir o café da manhã entre 6h e 6h30 (café, leite, pão, margarina, ovos, presunto, queijo), almoço entre 11h e 12h (arroz, feijão ou feijão tropeiro, carne, legumes, macarrão, muita pimenta e verduras) e jantar às 18h30. 
O segredo, segundo o cozinheiro, é comprar verduras, legumes e carnes nos locais próximos das paradas. “Sempre há um bom açougue”, diz.

O cardápio terá uma exceção na sexta-feira Santa. Carlão está incumbido de fazer uma portentosa bacalhoada, que será servida acompanhada de bom vinho. 
“Depois do almoço, o descanso é de meia hora. O bom é o jantar. A gente toma umas cervejas, fala sobre o dia e dá umas boas risadas. Às 21h30, não tem mais ninguém acordado”, diz Sidney Fernandes.Para dormir, grupo contará com espaços cedidos em fazendas
A primeira etapa da viagem até Bento Quirino (distrito de São Simão) tem 52 km, passando por Bonfim e Cravinhos. A segunda, até Tambaú, cruzando terras de Santa Rosa de Viterbo, 62 km. A terceira, Tambaú-Vargem Grande do Sul, 49 km, cortando Casa Branca. 
A quarta, Vargem Grande-São João da Boa Vista, 47 km; a quinta, São João da Boa Vista até a mineira São Pedro da Barra, 53 km, deixando Andradas e a bela paisagem da Serra do Lima para trás; a sexta, até Ouro Fino, 49 km, passando por Crisólia; a sétima, Ouro Fino a Borda da Mata, 48 km.

O oitavo trecho, Borda da Mata-Paraisópolis, tem 68 km, passando Pouso Alegre. São José do Pântano e Cruz Alta; o nono, Paraisópolis-Santo Antônio do Pinhal, 47 km, retornando ao Estado de São Paulo. A décima parte da viagem, Pinhal-Pindamonhangaba, 53 km, o acesso considerado mais difícil, na estação Eugênio Lefreve, com altitude de 1.161 metros, na Serra da Mantiqueira.

A última etapa, Pindamonhangaba-Aparecida, 40 km, é feita margeando a Via Dutra. 
Até a quinta jornada, em São Pedro da Barra, a comitiva vai pernoitar em galpões oferecidos por fazendeiros e sitiantes.

A partir daí, será necessário dormir em pensões e hotéis. Gasta-se um pouco, mas a comodidade também é maior, com direito a banho e televisão.No outono
As romarias costumam ser feitas no começo do outono, tida como a estação apropriada. Não chove tanto e não faz muito calor. Se esfriar muito, uma boa blusa e generosas doses de conhaque e vinho resolvem o problema. 

Os romeiros evitam o escurecer. Costumam encerrar o dia lá pelas 16h30. Mas estão preparados para tudo. Levam capas sintéticas, modernas, que protegem da chuva e do frio. As de feltro, muito pesadas, foram descartadas.O mais velho é funcionário da USP
Carlos Magno Cândido participou de todas as romarias realizadas até hoje

O mais velho da turma é Carlos Magno Cândido, 60 anos, funcionário da Universidade São Paulo (trabalha no biotério geral). Ele é o único que participou das sete viagens, com o eletricista Auro Carlos da Mota, 58 anos, morador de Sertãozinho, e o organizador do evento, Sidney Fernandes.

O empresário em terraplanagem Sebastião Rodrigues, 54, e o mecânico Adilson da Silva, 40 anos, também são sertanezinos e convidados de Auro.

Já João Pedro Ferreira, 43 anos, que trabalha como pintor de paredes, viaja com um pedido especial à santa: pagar promessa pelo restabelecimento da saúde do pai.

O mais jovem é Bruno Augusto Fernandes, 21 anos. Ele vai fazer o trajeto em charrete.

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