Agronegócio

Agricultores levantam custos da produção de grãos em Xanxerê

Safra 2019/2020 teve boa colheita de soja e milho, mas decepcionou produtores de trigo e feijão. Custos aumentaram até 12% no período

Por: MB Comunicação Empresarial/Organizacional - Ribeirão Preto - SP

21/08/2020

Técnicos e produtores de soja, milho e trigo reuniram-se em encontro virtual nesta semana, em Xanxerê, no oeste do Estado, para levantamento de custos da produção regional, atividade que integra o projeto Campo Futuro, desenvolvido pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA). A proposta é disponibilizar informações para os produtores sobre o mercado, auxiliando-os nas tomadas de decisões nos negócios. O painel on-line, via aplicativo Zoom, foi conduzido pelo assessor técnico da CNA, zootecnista Thiago Rodrigues e pelo técnico do CEPEA, engenheiro agrônomo Renato Ribeiro. Os produtores participaram no escritório do presidente do Sindicato Rural, Bruno Bortoluzzi, com tela de projeção e em atendimento às medidas de segurança determinadas pelos órgãos de saúde para prevenção ao contágio do novo coronavírus.Juntos, produtores e técnicos analisaram custos e produtividade alcançados pela safra 2019/2020 nas culturas citadas, além de feijão e aveia branca. A produtividade da soja, principal na região, ficou dentro das expectativas dos produtores, atingindo 70 sacas por hectare. O mesmo aconteceu com o milho, que alcançou 220 sacas por hectare. O feijão e o trigo, no entanto, decepcionaram os produtores. O primeiro grão chegou a 25 sacas por hectare, bem abaixo das 35 sacas esperadas para a safra. O trigo teve um resultado muito inferior ao desejado, ficando em 45 sacas por hectare, das 60 esperadas no período. A estiagem na hora do plantio e o excesso de chuva no momento da colheita foram os empecilhos dos produtores nas duas culturas. Já a aveia branca alcançou boa produtividade, 1.900 kg por hectare, dentro da expectativa regional. Os produtores de Xanxerê apontaram os custos dos insumos como desafios da safra. Os dados preliminares levantados pelo projeto destacaram aumento entre 8% e 12%, influenciados pela flutuação do câmbio. Embora desafiadores, os números estão dentro das cotações esperadas no mercado. De acordo com o assessor técnico da CNA, Thiago Rodrigues, os dados levantados serão checados pela equipe do CEPEA junto ao mercado, compilados pela CNA e repassados aos produtores da região dentro de um mês para integrar a estatística anual. XANXERÊAo participar da abertura dos trabalhos do projeto em Xanxerê, o presidente do Sistema FAESC/SENAR-SC, José Zeferino Pedrozo, ressaltou que o município é um dos pioneiros do projeto e está há 13 anos fornecendo informações ao setor."O Campo Futuro é um instrumento para reduzir riscos e assegurar rentabilidade mínima. Só temos a agradecer aos produtores e ao Sindicato que se dispõem anualmente a trazer experiência e informações. Esse trabalho é feito com pouca gente, mas tem ampla repercussão, porque esses dados beneficiam os produtores de todo o Estado", sublinha Pedrozo.O presidente do Sindicato Rural de Xanxerê, Bruno Bortoluzzi, destacou a importância do projeto no desenvolvimento do setor. "É um orgulho fazermos esse levantamento e contribuirmos com dados dos nossos produtores e técnicos que ajudam na profissionalização e no bom direcionamento dos negócios dos produtores, os quais alavancam nossa região e todo o Estado. O SENAR, a FAESC e a CNA nos dão oxigênio para mantermos os trabalhos no município e na região".METODOLOGIA E CONTRIBUIÇÃOO projeto Campo Futuro é desenvolvido há 13 anos, desde 2007, em mais de 300 municípios do País, com objetivo de aliar a capacitação do produtor rural à geração de informação para a administração de custos, riscos, preços e gerenciamento da produção agrícola e pecuária.Para a realização do levantamento de dados utiliza-se a metodologia de "painel de custos de produção", que consiste em reunir entre 10 a 15 produtores típicos da região e profissionais da área, para identificar, mediante debates e preenchimento de planilhas específicas, o sistema de produção local bem como seus custos diretos e indiretos."Com indicação dos Sindicatos Rurais, selecionamos produtores que reúnem a característica padrão da região e que entendem a realidade do mercado como um todo para participarem das discussões. Esses dados levantados in loco pelos produtores e pelos técnicos do CEPEA e da CNA ajudam a entender a realidade regional, os desafios de custo de produção, a dar transparência às ações da CNA e a abrir os olhos dos produtores para questões cada vez mais fundamentais no desenvolvimento das propriedades, inerentes ao maior controle gerencial", destaca Thiago Rodrigues. Em Xanxerê o padrão das propriedades é de 152 hectares de produção, 132 deles de área agrícola própria e 20 hectares arrendados. A soja ocupa 90% da área de cultivo.As informações geradas abastecerão um sistema de informação de custo de produção do mercado agropecuário que será disponibilizado aos produtores rurais, os quais terão apoio dos sindicatos para acessar os dados. Com essas informações, a CNA busca manter um sistema de acompanhamento periódico dos mercados agrícola e de insumos e fornecer dados regionais às federações."Os dados específicos também contribuem para a elaboração de políticas públicas voltadas ao setor", acrescenta o técnico da CNA.

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